terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sampa, Paulo, garoa, paulicéia, pastel, pizza, trânsito....amor não se explica

São Paulo, o apóstolo
Estátua em frente a Catederal da Sé em São Paulo
No pegaminho em suas mãos está escrito: "Senhor o que queres que eu faça?"
(foto: divulgação)


Certa vez, um grande amigo me perguntou: "Paula você já parou para pensar sobre seu nome?"
Disse que não, e ele me apresentou e contou a história de Paulo, o apóstolo.
Disse sobre sua vida missionária, que era poliglota, percorreu muitos e muitos lugares, pregou em várias linguas e foi considerado um dos apóstolos mais comunicativo.

Curiosa, fui me informar, queria saber mais e descobrí-lo.
E, de fato, fazia muito sentido tudo isso.
Desde então, passei a admirar e saber mais o que Paulo fez.
Essa investigação me levou também a questionar a cidade onde nasci. E, em seguida, perceber, compreender e amar o centro dessa capital que em muita vezes é um mistério. Exatamente como aconteceu na vida de Paulo, antes Saulo de Tarso: confiar e não duvidar do mistério que chamo de Fé!
Essa conversão de vida também é a essência dessa cidade mágica, desafiadora e generosa.
Que para aqui estar é preciso se reinventar, se revisitar com bastante frequência.


Brasão da cidade de São Paulo


E amanhã a nossa querida Sampa faz 458 anos!
Apesar de tanto tempo somos ainda jovens com velhos problemas.
Hoje, quero dividir minha admiração e devoção ao próprio Paulo, o santo apóstolo

Você sabe por que São Paulo recebeu o nome do santo Paulo?
O nome "São Paulo" foi escolhido porque o dia da fundação do colégio foi 25 de janeiro, dia no qual a Igreja Católica celebra a conversão do apóstolo Paulo de Tarso, conforme informou o padre José de Anchieta em carta aos seus superiores da Companhia de Jesus:

"A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!"

Outra informação curiosa é sobre o lema da cidade, você sabe qual é?
Dica: não é trabalho, stresse, nem tão pouco excessos.
"Não sou conduzido, conduzo", em latim,  "Non ducor, duco". Esse é o lema da cidade, presente no  brasão oficial (veja imagem acima).

Sempre achei intrigante que a cidade traz em si sua fundação com a abertura de um colégio fundada pelos jesuítas. Vale a pena ler esse breve texto abaixo co mais informações:

Breve histórico da fundação de São Paulo

A povoação de São Paulo de Piratininga surgiu em 25 de janeiro de 1554 com a construção de um colégio jesuíta por doze padres, entre eles Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, no alto de uma colina escarpada, entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí.
Tal colégio, que funcionava num barracão feito de taipa de pilão, tinha, por finalidade, a catequese dos índios que viviam na região do Planalto de Piratininga, separados do litoral pela Serra do Mar, chamada pelos índios de "Serra de Paranapiacaba".



Mário de Andrade da Raiz e das Tintas


Desenho de Baptistão

Nesse dia também faço a minha homenagem ao mais paulista dos artistas que já tivemos, Mario de Andrade. Mais que um marco em fazer pensar e inserir o jeitão brasileiro e, assim, produzirmos arte, Mário Raul de Moraes Andrade (1893 -1945) foi poeta, cronista e romancista, crítico de literatura e de arte, musicólogo e pesquisador do folclore brasileiro e fotógrafo.

Mário nos deixou de fato muito campo desbravado para exergar e se interessar ainda mais por essa cidade  tão mutante, tão generosa como um ventre que as vezes é sufocante.
Nos deixou revelado por meio de sua arte a personalidade do paulista/paulistano e suas inquietações não compreendidas.

Certa vez descobri que o escritor morou por anos na Rua Aurora. Dizem que a casa em que ele morou não existe mais, era bem no começo, próximo a praça da Republica.


Garoa do Meu São Paulo

Garoa do meu São Paulo,
-Timbre triste de martírios-
Um negro vem vindo, é branco!
Só bem perto fica negro,
Passa e torna a ficar branco.

Meu São Paulo da garoa,
-Londres das neblinas finas-
Um pobre vem vindo, é rico!
Só bem perto fica pobre,
Passa e torna a ficar rico.

Garoa do meu São Paulo,
-Costureira de malditos-
Vem um rico, vem um branco,
São sempre brancos e ricos...
Garoa, sai dos meus olhos.


Adora essa frase: "Garoa Sai dos meus olhos".
Quem nunca teve uma "garoa" teimosa nos olhos...
É uma coisa que São Paulo faz a àgua nos escorrer seja por amor ou pode dor...
Tem uma melancolia no ar, sei lá é tanta gente que passa cá....


E, para terminar, relembro meu poema predileto:

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

Até hoje não descobri por que ele pede que enterrem os pés na Rua Aurora...
Seria a base e o equilíbrio? Um chão?
Queria tanto saber...
Quem souber ou tiver algum palpite manifeste-se! ;)

E vamos festejar e ocupar sampa!
Pessoal, nos vemos amanhã por ai, em alguma das tantas esquina concretas...

beijos
Paula




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